sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Mídia e nova relação entre público e privado


Um artigo publicado no Observatório da Imprensa trata da questão da nova relação entre o público e o privado na mídia brasileira. A matéria é baseada numa entrevista da Ministra da Casa Civil Dilma Rouself a revista Valor Econômico. Segundo ela, Lula tende a seguir se diferenciando das etapas históricas(nacionalismo estatal e neoliberalismo) simplesmente porque ele năo é uma repetiçăo, mas uma sintetizaçăo da capacidade de o capital converter para a sua causa as próprias lideranças trabalhistas que chegam ao poder. Com esse novo cenário, a mídia terá que questionar sua própria essência e se perguntar: até que ponto ela é público e até que lugar ela é privada? Na hora do aperto, essas instituições privadas que são concessões públicas, recorrem ao BNDES, dinheiro público.

Abaixo trechos do artigo.

" Constrangimento moral

A TV Brasil, supervisionada pelo ministro Franklin Martins, da Comunicaçăo Social, e coordenada pela jornalista Tereza Cruvinel, chega no momento exato em que Dilma Rouseff dá o recado de Lula no Valor, ressaltando o novo conceito entre público e privado. Para ser público, terá que ser privado, e para ser privado, haverá, também, que ser público. Público mais privado dividido por dois? Como a mídia fica nesse jogo, se ela, graças às suas posições ideológicas, carece de uma suficiente visăo pública no que diz respeito à mercadoria que vende, ou seja, a informaçăo?

Ou a mídia viverá no exterior da realidade, para dizer que continuará privada a fim de assistir, abstratamente, à evoluçăo do processo real, distante do público?

Por exemplo: se a grande mídia (o privado) recorre ao BNDES (o público), năo seria conveniente que a taxa do público elevasse proporcionalmente na gestăo do interesse privado em forma de atendimento do interesse público? Por que a TV Globo, uma das mais beneficiadas pelo dinheiro público, năo coloca no ar um programa de debate público, como necessária resposta à sua condiçăo de pessoa jurídica que usufrui do dinheiro do contribuinte por meio das agências bancárias estatais?

Seria tentar interferir no conteúdo programático da emissora? Ou seria um necessário constrangimento moral pelo qual ela passaria por năo estar sendo suficientemente pública quando o público é o seu oxigênio?"

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